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Vetor Entrevista: Laura Diaz

Em conversa com Raphael Lobato, Laura Diaz conta detalhes sobre o próximo lançamento do Teto Preto, Mamba Negra e novas inspirações para 2024.


Entrevista por Raphael Lobato  // @realifeisnocool


Laura Diaz para Vetor Magazine por @6math66


R: Laura, o que você pode nos adiantar sobre a próxima fase do Teto Preto? Como tem sido o processo de criação do segundo álbum da banda?

L: O TETO fechou agenda esse ano e só se apresentou em espetáculo montado especialmente para o Festival de 10 Annnux da MAMBA NEGRA, oficializando o início da nova era da nova formação com CARNEOSSO, Matheus Câmara e Marian Sarine (Deaf Kids) na frente musical ao lado da coreógrafa e bailarina Juana Chi e Bruxa Cósmica.


TETO PRETO por @pdrpinho


Estamos em estúdio agorinha entre novembro e dezembro gravando nosso segundo álbum “FALA”. Por enquanto são 10 faixas autorais por e, quem sabe, uma faixa surpresa que estamos tentando liberação pra regravar. Pelo jeito acho que a gente vai colocar mais coisa até lá, rs, estou possuíde, hoje mesmo começamos mais uma nova, socorro. 

Tem coisa que comecei a compor em 2020 e com a pandemia, trocas de formação e tetours, as músicas se transformaram completamente até chegar nesses arranjos que nós três trabalhamos do zero, cada hora em um instrumento. Tem baixo do Mariano, sample de voz de efeito do Matheus, solo de noise e linha de sinth meu, além de algumas surpresinhas chiquérrimas na parte de sopros. 

É um álbum sobre lugares de FAL(H)A. Temos as participações muito queridas e especiais de Saskia, Jup do Bairro, Getúlio Abelha. Vocês não estão preparades. É um privilégio entrar no 10º ano de banda com tanta gente querida se juntando para concretizar esse projeto e rodar mundo.



R: Descreva um momento icônico, único e marcante para você na Mamba Negra

L: Nossa, são muitos… É uma década se profissionalizando em bagunça organizada.

O primeiro niver da Mamba foi em plena ocupação da Ouvidor 63 em maio de 2014.

Fizemos vigília e revirada cultural com os secundaristas nas escolas ocupadas em 2015.

Depois quando os donos de balada vieram pra cima da cena independente e agente saiu em manifestação raver num trio elétrico em formato de latinha passando da D-Edge à prefeitura.

Um clássico é A Anna Operman vestida de Garota Noel num caminhão pipa fazendo a xuca da geral de manhã no set do Badsista virando Spice Girls com Tati Lisbon (papisa) é sem dúvida um desses momentos. 

Tivemos momentos lindos também no Festival online de 8 anos, na primeira vez que dirigi várias câmeras, grua, trilho e também editei e finalizei grande parte dos babados. E ficou CARO, ficou belo.

Rolou também algumas vezes nossa mami Pablly trajada e com tesawn chamando geralzinha no grellin. 

Nesse ano começamos com a legendary Zaila dando o nome e abrindo o mar vermelho enquanto eu empurrava as gays no mood show some respect. O Festival foi só emoção 10 annnux mais jovens com desfile da Jalaconda, Ball internacional e coletivA ocupação, Tivemos agora pouco a pistona INTEIRA cantando Pitty no show da Jup do Bairro. Aguardem os próximos babados que a festa desse fim de annnux da firma é uma das edições mais queridas e aguardadas.


R: De que forma você acredita que a Mamba Negra transforma o circuito de nightlife criativo em São Paulo?

L: A MAMBA é uma ferramenta de articulação, reconhecimento e protagonismo da comunidade independente de mulheres e LGBTQIAP+. Somos muito mais do que uma festa, viramos um contexto em si com os festivais, a Rádio Vírusss e o selo MAMBArec. Nosso trabalho de bando é referência internacional na cultura brasileira eletrônica independente reunindo música, performance, audiovisual, instalação, artes gráficas e visuais. Sempre digo que sozinho até se anda mais rápido, mas juntes chegamos mais LONGE. 


MAMBA NEGRA por @ivimaigabugrimenko


Somos artistas, profissionais de diversas áreas da cultura, uma rádio, um selo e representamos um território de possibilidades e liberdades para nosses corpes. Sabemos que muitas de nós estamos nas bocas e moodboards da grande indústria e, mais do que nunca, é hora do UNDERGRANDE colher os frutos desses talentos. Ao lado de outras coletividades da nossa comunidade, queremos conquistar um futuro de menos vulnerabilidade e mais abundância entre es nosses enquanto estamos vives.


R: Que sonoridades tem inspirado e influenciado  você atualmente?

L: Amo eletrônico, amo canção e amo música brasileira. Este ano tenho a responsa de compor o júri do Prêmio da Música Brasileira e tem sido incrível pra escutar tudo - absolutamente de tudo -  que está sendo lançado esse ano por aqui e ter um panorama do que que tá circulando. 

EU VIM PELO SOM: sou dessas tb que é analógica, gosto de ver set de dj e show ao vivo pra sacar, vou atrás.

Meu ser-estado caótico engloba umas jóias da MPB que descobri na fossa, dubstep, garage, breakbeat, funk, house, acid, industrial, hip hop, noise,punk, dub e os steppas, esse ano entrei numas de hyperpop e me joguei no piseiro, brega, raggaeton, mandelão, rap nacional de mina e até sertanejo de bofe questionável.

R: De que forma moda e música se conectam no seu processo criativo?

L: Entendo que tanto a moda quanto a música são extensões do meu corpe, são ferramentas de expressão do que sou e de quem quero me tornar.Minhas máquinas, cabos, salto, lente, unhas de fibra, apliques, lentes, acessórios, os figurinos do TETO só são ativados e habitados em um tipo de situação: em performances do TETO. É essencial para que a performance se concretize encarnada, assim como todos os processos de preparação do show porque são uma ruptura com o estado de NORMA/NORMAL. É sobre rejeitar tédio e pensar corpes y contextos em movimento.


Laura Diaz para Vetor Magazine por @6math66


R: Em 2023, a Mamba comemorou dez anos movimentando criativamente o circuito criativo de festas em São Paulo, e também inspirando diversos coletivos no Brasil. De que forma você visualiza o futuro no circuito de festas eletrônicas e independentes no Brasil

Nas festas e festivais de pequeno e grande porte, foram poucos que resistiram ao fiasco ou ao prejuízo, mesmo os que tinham as tais figuras ocultas de investidores e playboys. 

Tudo ficou muito mais caro, a Mamba continuou entregando estrutura e atendimento impecável, line up de festival a preço de festa e mesmo assim tem gente que aceita pagar um aluguel em festival mainstream pra depois vir se fazer falando do preço do ingresso de festa independente. 

É foda, mas aí você vê bem quem não tem problema em gastar três vezes o valor com álcool e lookinhos e ainda por cima reclama da única coisa que tá fazendo pra fortalecer a cena local se matando pra manter a entrega com qualidade. Prioridades né?

Fora essa minoria privilegiada aí, o ano foi muito difícil financeiramente e, apesar do alívio geral de termos Lula como presidente para variar, não foi muito além desse alívio no setor da cultura independente. Em São Paulo a situação nunca esteve pior com a gestão de Ricardo Nunes.

Graças aos esforços e carinho de todes que trabalham com a gente e da persistência des artistas da cena, a MAMBA resistiu dez anos mais jovem, recebendo um publique da nova geração bastante diverso de mulheres e LGBTQIAP+.  A tendência, como foi esse ano, é concentrarmos esforços no Festival e em 4/5 festas no ano para continuar servindo experiências articuladas com muito carinho para o mundinhe Mamby delus em constante transformasssawn.




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