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Vetor Entrevista: Paulete Lindacelva

Paulete Lindacelva apresenta seu caleidoscópio tropical de referências musicais no seu EP de estreia


Texto e entrevista por Dimas Henkes // @dimashenkes

Fotografia por Caia Ramalho // @caiaramalho


Paulete Lindacelva, a multiartista pernambucana que atualmente reside em São Paulo, criou uma legião de fãs e se tornou uma das DJs mais solicitadas para comandar as melhores pistas de dança do Brasil. Sua pesquisa é uma tapeçaria vibrante tecida a partir dos fios do House, Disco, muito Groovy e ritmos tropicais, refletindo suas conexões profundas com o legado icônico da House Music de Chicago e ritmos Brasileiros. No seu EP de estreia, Guabiraba Chicago, Paulete mostra sua habilidade de misturar ritmos pulsantes com poesia brasileira, criando uma experiência auditiva imersiva que é extremamente fresh e inovadora. O EP é uma jornada onde cada batida é meticulosamente elaborada para evocar uma sensação de euforia e libertação e, igual a Midas da mitologia grega, tudo que ela toca vira ouro.


A essência do som de Paulete reside em sua inclusividade e celebração da diversidade, além de refletir sua personalidade forte e divertida. Não é a toa que ouvimos sua risada icônica em Cantinela (Jam do Amor) e imediatamente nos contagiamos e nos sentimos a vontade para dançar. Segundo Paulete, esse trabalho é sobre os encontros que ela teve nesses 10 anos de carreira, principalmente em São Paulo, e ela não vem só: com colaboração de Paola Lappicy, L_cio, Gabto e BADSISTA, o álbum representa uma festa com o melhor lineup paulista. E é essa capacidade de unir pessoas geniais que faz dela uma figura central no cenário musical contemporâneo da música brasileira.

Fotografia por Caia Ramalho // @caiaramalho


O que realmente eleva o som de Lindacelva é a sua pesquisa profunda de referências cheia de autenticidade - de Frankie Knuckles a Denise Assunção. Quer ela esteja tocando em um clube ou em um bar mais íntimo, sua performance é sempre caracterizada por uma paixão desenfreada pela música e uma compreensão intuitiva de fazer seu público dançar. Seu trabalho não se trata apenas de tocar e produzir faixas, é sobre criar uma experiência segura e divertida na pista de dança. Seguramente, ela já garantiu seu impacto na música com o seu primeiro EP - e o futuro está a seus pés. 


O EP foi lançado no dia 20 de Junho pelo selo discográfico Perfecto Estado. Você pode escutar no Soundcloud o Bandcamp deles. 


D: Quero começar perguntando sobre Guabiraba. Qual foi seu primeiro contato com a música eletrônica quando você ainda morava lá? 

P: No Norte e no Nordeste acontece um fenômeno muito parecido com o Rio que é a coisa de samplear e criar edits e versões brasileiras, de músicas gringas. Isso aconteceu muito com o brega que gerou meio que o subgênero Tecnobrega - que sou completamente apaixonada. Me lembro dos intervalos de shows nas festas das rádios do bairro tocando essas músicas, e uma que lembro e amo muito é Itamaraty da banda Fruto Sensual, que é uma versão abrasileirada de Perfect Lover da Company B. 


D: A cena de música eletrônica do Nordeste, principalmente no Recife, é muito próspera. Quem são suas referências de lá? 

Eu tenho amigas e pessoas com quem troquei e que pra mim são pesquisadoras muito únicas. Cito aqui Sosha (Sócrates Alexandre), Igea Martins, Linda Demorrir e Caetano Costa. 


D: E quais são as referências essenciais de Guabiraba Chicago? 

P: Eu acho que isso é bem complexo de externar, pois passo por muitos lugares. Mas diria que é um mix de Joe Smooth, Frankie Knuckles, Sambas, Afoxés, Maracatus, Denise Assunção e boas amizades. 

 

D: Você falou que seu EP é uma celebração de encontros que você teve em São Paulo desde a sua chegada. Como foi essa chegada? 

P: Eu cheguei em São Paulo num ônibus que traz a galera que vai fazer compras no Brás vinda de Brasília. Acho que isso já diz um pouco que não é a relação mais romântica. Criei laços incríveis que me ajudaram a reelaborar a relação com a cidade e conseguir construir um sonho, porque quando cheguei o meu único foco era conseguir sobreviver e ter um trabalho. Consegui isso. Mas, mais que isso, eu consegui prospectar o futuro e sonhar. 

Fotografia por Caia Ramalho // @caiaramalho


D: E como tá sendo a celebração de 10 anos de carreira de DJ?

P: Uma delícia!


D: Você é unanimemente adorada nas pistas do Brasil e sabemos que isso é algo muito raro de acontecer. Qual é o seu segredo? 

P: Eu gosto de criar memórias afetivas, fazer as pessoas criarem lembranças gostosas e revisitar outras através da música. Pelo menos acredito fazer! 


D: Brincadeiras à parte. Seus DJs sets refletem sua personalidade cheia de simpatia e bom humor. Como você consegue misturar tudo isso tão bem? 

P: Aí, acho que eu amo muito o que faço. Não romantizo porque é um processo árduo, mas eu amo a música e sua capacidade de transformação.


D: E como foi conseguir expressar sua personalidade na criação nessas seis músicas? 

P: Foi um processo que veio na base do aperto da mente (risos). Mas foi prazeroso viver isso e compartilhar junto com os outros artistas e aprender. A vivência no estúdio foi muito enriquecedora. 


D: Em algumas músicas escutamos sua voz, isso não é tão comum nos lançamentos que vemos na nossa cena. Como foi o processo de gravação da sua voz? Houve alguma insegurança?

P: Certamente! Eu tenho uma disforia pesada com minha voz mas eu gosto da coisa de me contrariar ou ser contradição. Faz eu me sentir viva. 


D: E qual foi a parte favorita no processo de toda produção?

P: Estar no estúdio. Ouvir e ver como cada pessoa produz, as coisas que permeiam cada um fazer, as sonoridades. Foi a coisa mais divertida sem dúvidas. 


D: E como você se sente que finalmente chegou a hora lançar o seu trabalho autoral pro mundo? 

P: Não sei se era a hora certa (risos). Eu só disse que queria e fui!


D: Você vai fazer sua segunda turnê pela Europa. Quais países você vai tocar? Animada para ver a recepção das suas músicas nas pistas europeias? 

P: Toco pelas bandas de Portugal, Alemanha, Holanda, Itália, Polônia, Turquia e acho que mais alguns. E sim, tô super ansiosa pra sentir as pistas não só de lá como principalmente daqui. 


D: Um recado para quem vai escutar o EP: 

P: Ouça com carinho e se for me dá matação pensa que é meu primeiro trabalho! Divirtam-se, rostões. 




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